segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Do que vai ficar em mim



Vai passar. Como passam os passarinhos, como as ondas que vem e vão. Os sentimentos são mesmo assim. Diderot estava certo. O amor não passa mesmo de uma congestão intestinal. O amor tem vida útil, prazo de validade e tals. Vai passar.
Até um mês e meio atrás você não existia pra mim. Você morava a duas quadras, frequentava o meu prédio e eu nem ao menos sabia da sua existência. Então pra quê me preocupar?
Eu só não sei onde vou colocar as coisas que você deixou. Em qual prateleira eu poderei encaixar o seu cheiro, o seu sorriso, a sua indiferença. Como é que eu posso empacotar a falta que você pode vir a fazer nos meus planos? Será que que tanta saudade caberá na minha estante?
Esse papo de destino é meio caído, meia bomba, mas você há de convir comigo que não pode ter sido por acaso. Que seria coincidência demais alguém tão parecido comigo cair assim do nada, de paraquedas bem no meio do meu cotidiano, que seria inimaginável ter uma paixonite por uma amiga sua e, de repente, aparecer você, arrumada pra matar qualquer homem de tesão, armada até os dentes de ideias loucas, trajando seu olhar mais fatal.
Eu me apaixonei, é fato. Coincidência, destino, acaso ou não, não interessa. Eu me apaixonei e eu enlouqueci. Mas passa. Você vai ver.
Não que eu queira que passe. Na verdade eu morreria se passasse. Acontece que não há mais saída. Ou você decide, ou eu me perco.

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