domingo, 11 de março de 2012

Lá, lá, láia, láia.



Todo amor começa numa canção. De leve, tocando naquele bar da esquina. Todo amor é uma música que embala o silêncio longe de você. E Chico Buarque sabendo disso, compôs várias modinhas pra gente. Basta olhar dentro desses seus contadores de histórias olhos verdes que ao fundo trocando em miúdos começa a bailar entre o meu e o seu nariz. Não sei por quê. Acho até que a música não tem nada a ver. Digo, nada a ver com essa nossa mania boba de encostar um coração no outro enquanto a noite nos deixa levar.

Todo amor, por mais mentiroso que seja, insiste em escutar o Chico. Eu sei disso por que conheço o seu ritmo como ninguém e não acredito em você. Não acredito que a minha cama será pra sempre a mina dos seus cabelos de ouro. Veja bem, eu entendo a sua ânsia em me ter por perto. Faz parte da linha dramática dessa melodia. Eu e você. Dois corpos perdidos dançando no escuro no primeiro ato. Um outro cara anunciando o clímax. A epifania seria nós dois, abraçados, nos despedindo enquanto o samba dá o tom. Mas deixa isso pra depois. Ainda estamos na parte em que o mocinho conhece a mocinha.

Ontem, quando nos vimos, você de rock ingês e eu de partido alto, eu percebi que entre nós há muito mais que uma caixa de fósforo e um violão. A gente tem ginga, compasso. Falta de sensatez também. Mistura boa. Elza Soares e Ella Fitzgerald. Toquinho e Vinícius. Caipirinha de saquê com bolinhos de aipim. E o samba continua. Verde e amarelo. Eu e você ao som de Chico.

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