sábado, 26 de julho de 2014

Te amo (novamente e como um idiota).



Abro mais uma janela. Penso. Repenso. Não quero ser lembrado por parecer um menino da quarta série se declarando para a bonitinha da sala pela internet. Gosto de pele, de sentir as mãos suando frio, dos olhos viajando dentro de outros olhos. Mas, se não for assim, como vai ser? Procuro no bate papo; a bolinha verde ao lado do seu nome me convida. Okay, lá vamos nós.

Seria estranho dizer que eu tô afim de você? Bom, eu sei que já se passaram quatro anos, que eu não me despedi e que eu nunca mais cruzei com seu nariz rosado às oito e quinze da manhã mas, olha só, não sou eu quem manda nessa porra, não sou eu quem decido com quem vou sonhar esta noite ou com quantas garrafas de vinho barato vive um coração já tão sem saída. É foda. Não sei nem por onde começar. De qualquer forma, fica.

Ontem eu esperei encontrar você naquela festa mesmo sabendo que você está à quinhentos quilômetros de distância e procurei seus olhinhos em cada rosto perdido na multidão como um idiota. Isso, como um idiota. É o que acontece quando não se tira alguém da cabeça, quando teu nome aparece onze vezes a cada dez palavras que eu digo. E meus amigos riram de mim. E eu ri de mim também. 

Sei que dizer isso tudo soa imensamente imbecil nesta altura do campeonato mas, veja bem, eu prefiro um zilhão de vezes me propor ao ridículo e ter a esperança de que você pelo menos me escute com atenção do que ficar calado e assistir um outro cara bizarro fazer o mesmo e te roubar pra sempre de mim. Coisa de gente apaixonada, não me leve a mal. Um dia, quem sabe, iremos rir de tudo isso e lembrar apenas como um capítulo desajustado da nossa timeline. Ou não. Ou poderemos estar casados, como prefiro. Agora é com você.



terça-feira, 22 de julho de 2014

Deixa ser assim.

Lembro de você e isso não combina com esse filme do Fassbinder. Aposto, agora quase acordado, que você vai voltar qualquer dia desses pra revirar outra vez meu edredom. Conheço seu ritmo. E não, não estou aqui pra te julgar e, pra te falar a verdade, eu até gosto. Mas vê se desta vez você arruma um tempinho pra ficar um pouco mais, tem sempre mais um final de história que a gente precisa descobrir. De resto as coisas podem continuar deste mesmo jeito. A gente se encontra sempre neste mesmo lugar. Sem cobranças. Sem afetações.

Não sei por que sonho sempre com você. Você que passou da moda faz tanto tempo, você que eu nem vejo há sei lá quantos anos, você que eu faço um esforço do cacete pra esquecer. Muito menos o motivo de você aparecer tão doadora, puta por ter te deixado, chorando para, desta vez, eu ficar. Não sei. O expresso da saudade vem de longe soltando seu apito: tô chegando, tô chegando... e eu me pego com você em frente a uma feira discutindo Rimbaud ou dividindo o sofá com o John Lennon, todos nós, juntos, pra assistir Ana Maria Braga. Você sempre me olhando com estes olhinhos que eu conheci tão bem.

Você que nem liga mais, qual são as chances da gente se encontrar por aí de novo? Respiro mais fundo, fecho os olhos, tento dormir outra vez. Eu te comprei um presente. Espera, na verdade, fui eu quem fez este presente. Maneira boba de enganar o tempo, não deixar ser passado, tanto faz. Tento te puxar de volta e você não vem. Justamente agora que eu estava indo até bem com essa história de me apaixonar por você novamente.

Sonho: uma maneira que a gente descobriu pra se encontrar dormindo, mesmo quando júpiter não estiver em saturno que é, se você fizer as contas, o nosso tempo. E eu me deixo levar por que ninguém está vendo e dane-se o que vão pensar. Dois seres oníricos de carne e osso desestruturando a matéria. Dois bobos que morrem de vergonha de pegar o telefone e discar o número um do outro e dizer ei, essa noite eu tive um sonho tão estranho... Dois perdidos em uma situação maluca. O amor resolve. Só o amor. Não se iluda.