quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A chuva para os dois.


Era assim quando chovia: você dizia que era perigoso ficar com os pés no chão só para eu colocá-los entre os seus, no sofá. Uma coisinha fofa. Mas hoje tá relampeando tanto que eu nem sei se era tão boba assim. E você desligava a tevê alegando que ela poderia queimar com um raio, que deveríamos apagar as luzes e dormir abraçados e tantas outras coisas. Como era bom fingir que acreditava em toda aquela historinha apenas pelo prazer de ficar em silêncio, ali, grudadinhos assistindo os pingos baterem na janela da sala.

Chove lá fora e talvez você esteja nesse momento ensinando um outro cara a sobreviver no temporal. Bom, olhando agora, parece mesmo que, quando foi a minha vez, eu não aprendi. Já não não sinto mais meus pés fora do chão antes mesmo de você pedir e, quando acendo a lâmpada, é claro, a luz acabou.

Ando esperando outros dias com mais sol, onde a sua falta não faça desabar o céu e eu não sinta mais tanto medo de dormir sozinho naquele velho sofá. Dias em que eu possa tirar sem medo a toalha na frente do espelho por que a manhã está linda. E é aí quando eu penso se é isso mesmo que eu quero; viver pra te esquecer justo quando é lindo te lembrar. Um misto da sua presença ausente em cada pingo de chuva que agora cai sobre mim.

Tenho pensado tanto em você. Lá fora o mundo se derrete em lágrimas. E eu não tenho mais você aqui pra me dizer o que fazer.

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