segunda-feira, 29 de junho de 2015

Vamos dar uma volta.


Não sou, nunca fui e, se Deus quiser, nunca serei seu admirador secreto. Tenho calafrios só de me imaginar calado diante de tudo que você é e representa pra mim. Prefiro me definir como seu admirador discreto: te amo mas não te encho o saco. Te dedicar um poema e uma oração já me basta. 

Vem, me dê aqui sua mão, vamos virar a esquina. Sei que tá frio pra caralho lá fora mas, se você tiver afim, meus braços ficam bem charmosos quando viram cachecóis. Pra começar, eu sei que você sabe que eu gosto de você - já te disse isso tantas vezes - mas sempre fico extremamente curioso pra saber o que você faz depois que me declaro. Seria uma careta? Seria um sorriso? Seria uma careta e um sorriso do tipo: que cara tonto, me acordando às três da manhã só pra dizer que me ama...? Eu gostaria mesmo de descobrir o que você faz com tudo isso que te dedico.

Sabe, de certa forma é um mundo que ofereço, não é qualquer panfleto de promoção que a gente lê depressa depois amassa e joga fora. É a possibilidade de dividir lençóis, cafés e sorrisos. Mas também não é o fim do universo se você não aceitar. Você já tem um mundo só seu e, pela lógica, ninguém pede um coração novo se o velho ainda bate perfeitamente. De qualquer forma, fica a oferta e, como já disseram antes, bilhetes sempre serão mais bonitos que as flores.

Por essas e outras que as vezes adoraria ser um mosquitinho só pra estar aí e ver suas reações diante das coisas que te escrevo. Será que passa as mãos pelo cabelo loiro? Será que franze a sobrancelha ou só deleta mesmo? Será que vai dormir com cara de boba? Será que já tinha ouvido isso antes? Afinal de contas, o que eu sinto não pede apenas um simples desejo de estar com você, é mais que isso, exige querer saber de você; o que é mais complicado mas tão mais bonito.

Isso pode ser bem chato, eu admito. Principalmente sendo o destinatário alguém que não goste de canções de amor e finais felizes (Deus, faça com que este não seja um caso assim!). Mas, sabe de uma coisa, eu prefiro tentar. Mesmo. De verdade. Não quero ficar quieto e eu acho que, acima de tudo, você não merece uma vida de silêncios. Me dê sua mão, vamos dar uma volta.




quinta-feira, 18 de junho de 2015

Tão longe.


Hoje eu fui convidado para uma exposição daquelas que a gente fica em pé e come pequenas coisas em pedacinhos de blindex. Convidado para uma daquelas festas que os meus amigos vão sorrindo de mãos dadas com as suas namoradas sem saber que, no final das contas, todo mundo sai com o coração lustrado e de barriga vazia. E eu não fui.

Hoje eu sonhei com o mínimo de você que ainda me cabe e fiquei por horas e horas pensando: porra, o que é que eu ainda tô fazendo aqui? E me lembrei de todos os trampos chatos, de tudo que eu preciso fazer de longe pra ter uma pequena oportunidade de estar aí com você. E me chegou o convite. E eu pensei em te ligar. Não te liguei.

Já faz um tempo e você sabe - foi impossível omitir, desculpa - eu poderia ser enquadrado como louco. Louco como aqueles que escrevem cartas de amor sem explicação. Loucos como eu que só esperam uma notícia boa. E eu fico feliz por tudo.

E é incrível como você me prende: não sou seu. Não poderia ficar um minuto longe de você se estivesse aí e isso é quase uma antítese do que sou, talvez por isso eu te ame de longe, devagarinho, para os bem-te-vis que existem dentro de mim não se assustarem. Eu amo você como os passarinhos que estudam semiótica e te perturbam todo dia às sete horas da manhã.

Não é minha, por mais que venhas em sonhos - e tantos sonhos - me dizer o que fazer. E eu já fui tão longe em dizer que te amo, falta você me falar que quer ser amada.